Eleanor: Uma Rainha que ousou mudar a Europa

Em Poitiers, no ano de 1122, nascia uma nobre francesinha que, com toda a sua inteligência, habilidade política e vasta cultura seria a futura , Duquesa da Aquitânia, Condessa de Poitiers, rainha da França e Inglaterra e uma verdadeira estadista que saberia exercer o poder, estendendo a sua influência a toda a Europa e Médio Oriente. Dona de uma grande fortuna e apurado senso político fizeram dela uma das mulheres mais poderosas e influentes de toda a Idade Média. Ela era fluente em cerca de oito linguas, aprendeu matemática e astronomia e, com sua incomparável beleza aliada a uma fortíssima personalidade, Eleanor de Aquitânia, mudou quase um século de toda a Idade Média.

Herdou de seu avô, Guilherme IX, e de sua mãe a inteligência, a alegria, ânimo e força de vontade. A corte de seu avô era o centro da cultura européia ocidental, a família do ducado era entretida por malabaristas, contadores de histórias e trovadores. Característica que ela levou para sua corte. Filha de Guilherme X, o Santo, e neta de Guilherme IX, Duque de Aquitania e conde de Poitiers, um dos primeiros trovadores e poetas vernaculares - era um homem extremamente culto- transmitiu o gosto pela aprendizagem ao filho que, por sua vez, ofereceu uma educação excepcional às suas filhas ensinando-lhes as oito línguas as quais eram fluentes, matemática, astronomia, além de discutirem leis e filosofias com os doutores da Igreja. Eleanor foi preparada pelo pai para substitui-lo, numa época em que a maioria dos governantes eram analfabetos, especialmente as mulheres. Ele a preparou e, com estes conhecimentos, ela pode desenvolver espírito crítico e sagacidade política de grande importância para seu futuro de governante.

Eleanor adotou, desde o início, uma atitude rebelde, tomando nas suas mãos as rédeas do reino. Durante os anos que permaneceu na corte francesa ela introduziu mudanças significativas fomentando o gosto pelo luxo e o culto do prazer. Fez crescer a noção de “moda”, impondo o seu gosto como no vestuário,quando surgiram os decotes generosos, as “corsage”, que realçavam as formas femininas em vez de as ocultar, desnudando os ombros e a parte superior dos seios. Os tecidos eram importados do oriente em cores consideradas ousadas, como o amarelo-sol, os tons de pêssego ou o verde-mar. Os homens passaram a fazer a barba e apresentavam os rostos bem barbeados.

Eleanor organizava jogos e torneios e era vista, freqüentemente, a participar alegremente nas festas populares, em ruas apertadas e turbulentas. Foi também uma precursora dos prazeres da mesa. Mandava preparar refeições requintadas onde se comiam frutos secos, caça e pesca temperadas com gengibre e outras especiarias importadas de Veneza.

Com o intuito de calar ou distrair os seus inimigos, Eleanor incentivou, e ela própria preparou, a 2ª Cruzada, na qual decidiu participar ao lado do marido Luís VII. Eleanor então cria uma roupa que tenha mais mobilidade para que possa andar a cavalo melhor. Em seu vestido vermelho, decotado e com mangas góticas, ela pegou a parte de trás da saia e levantou para que tivesse a mobilidade que desejava. Para prender esta parte à cintura ela prendeu com um cinto envolvendo sua cintura, dando mais um atributo à mobilidade. Na cabeça põe um chapéu bicórnio.

Em Londres, tal como anteriormente em Paris, Eleanor introduziu novos hábitos entre os ingleses que ela considerava de boa índole, “bebedores de cerveja”, (ao contrário dos povos meridionais mais requintados e “bebedores de vinho”).

É nesta época que se dá uma revolução dos sentimentos que irá marcar profundamente toda a cultura ocidental, à medida que Eleanor ajuda a promover, a partir da corte londrina, todo o requinte e ardor do “amor cortês”. O conceito de o “amor cortês” é introduzido por Eleanor e pela sua “entourage” nas cortes da Europa, revolucionando por completo os costumes. Primeiro os Trovadores abandonam o tema das batalhas e substituem-no pelo o do Amor; em segundo lugar esse Amor (bem como o Desejo), deixa de ser unilateral e passa a ser mútuo algo que, a princípio, foi considerado como subversivo e perigoso, uma vez o direito de escolha deixava de ser exclusivo do homem e passava , também, a pertencer à mulher. Foi na corte de Eleanor, e mais tarde na de sua filha, Maria de Champanhe, que floresceu o conceito do “torneio do amor”. Segundo Diane Ackerman aí “se compunham canções belas e ousadas, combinando histórias de amor com histórias de aventuras, como a do mito celta do rei Artur e seus Cavaleiros da Távola Redonda.” O amor era uma forma de arte com a música e a poesia. O desejo inflamado e o repertório dos trovadores incluía o amor sensual, elevado, quase sobrenatural, divertido, cínico ou meramente sexual, em todas as combinações possíveis. Os trovadores cantavam toda a magia e complexidade das primeiras fases do amor, os jogos de sedução, as torturas da incerteza, as noites passadas em claro, os olhares, os códigos secretos, os símbolos, as agonias da separação. É preciso acrescentar que o amor cortês celebrava a paixão e privilegiava o adultério em relação ao casamento e era totalmente irreligioso, pelo o que a Igreja o combateu vigorosamente. Além de escandalizar toda a sociedade medieval e ameaçar a doutrina cristã.

Eleanor atravessava incessantemente o Canal da Mancha, de um lado para o outro. É preciso recordar que, nessa época, as pessoas viajavam muito e os reis mais do que ninguém, mudando a corte sempre que necessário, viajavam para acudir os problemas dos seus vassalos e fazer justiça. A rainha ainda teve tempo para dar à luz oito filhos ao segundo marido, Henrique II, (que se juntaram às duas filhas que tivera de Luís). Primeiro ao lado do marido e depois sozinha, sempre se preocupou em governar e em manter intactos os seus territórios.

O tempo de Eleanor foi o do esplendor da arte românica e do início da arte gótica, do desenvolvimento da cavalaria e da implantação das cidades burguesas, o grande século da lírica cortês e dos seus trovadores. Eleanor é, sem dúvida, uma figura de uma modernidade impressionante que de certa forma ela criou a sua época.

Além das habilidades com a política européia, Eleanor promoveu e defendeu a criação de uma nova sociedade, baseada nos princípios da fidelidade, promoveu o desenvolvimento ao interesse e conhecimento pelas coisas do mundo, as boas relações entre as pessoas e o desejo de prosperidade assentadas no Saber e na Beleza e associado ao Luxo e ao Amor.

Ela imaginou sua sociedade ideal que não andava longe da idéia da Utopia que já existia nas lendas celtas. Em sua corte em Poitiers, ela conseguiu, durante um tempo breve, criar um mundo fechado e perfeito de onde foram banidas toda a maldade e fealdade.

Não devemos esquecer o fato de que ela recusava o papel de reprodutora que era normalmente atribuído as mulheres da sua categoria, lutou sempre contra a “fatalidade de ser mulher”, mudou muito os costumes que pareciam irrevogáveis e impôs a sua sabedoria e energia ao serviço dos seus reinos e da sua família, sem nunca permitir que lhe calassem a voz.

Com uma visão política extraordinária, imaginou uma Europa poderosa, na qual os seus filhos, netos e restante descendência deveriam reinar, congregando, numa mesma cultura, os vastos domínios que se estendiam de Castela, à Sicília, do Império Germânico, à França e a Inglaterra.

É notável em sua biografia que ao mesmo tempo em que divulgava o gosto pelas letras, das músicas e da cortesia, ela trazia a fama degradante de adultério e de libertinagem. Uma mulher que pela primeira vez fez diferença num universo até então predominantemente masculino.

Ela viveu como bem entendeu e morreu aos oitenta e dois anos, feliz, rica e com todos os dentes na boca.

Marie de France, filha de Eleanor

Marie de Champagne, ou Marie de France, condessa de Champagne, (1145 — 11 de Março de 1198), foi a filha mais velha de Louis VII da França e de sua primeira esposa, Eleanor da Aquitânia.

Marie é lembrada hoje principalmente por seu papel na heresia que foi alvo da cruzada albigense. Ela foi também patrocinadora da literatura, inclusive de André Capelão, que fez parte de sua corte, e Chrétien de Troyes. Ela foi letrada em francês e latim e tinha sua própria biblioteca.

A partir do século X muitas mulheres governavam feudos, e no século XII assistiu-se à espetacular ascensão ao poder de Eleanor de Aquitânia, que em 1132 herdou um enorme Ducado, maior que o Reino da França. Sua herança tornou-a a mulher politicamente mais desejável de toda a Europa mas, apesar de seus sucessivos casamentos com dois reis, Luís VII da França e Henrique II da Inglaterra, conseguiu manter o controle sobre a terra de seus ancestrais até sua morte. Foi ainda incansável mecenas das artes e do trovador Bernart de Ventadorn. Sua filha, Marie de Champagne, também patrona das artes, foi responsável pela difusão do movimento trovadoresco no Norte da França.

O Amor Cortês

As Cortes do Amor eram uma espécie de salão literário ou de reuniões sociais, onde as pessoas liam poemas, debatiam questões de amor e flertavam com jogos de palavras.

Amor cortês, ou fin'amor ("gentil amor") foi um conceito europeu medieval de atitudes, mitos e etiqueta para enaltecer o amor através da cortesia e dos ideais cavaleirescos que gerou vários gêneros de literatura medieval, incluindo o romance, a lírica, o trovadorismo e a gesta medieval. Surgiu nas cortes ducais onde hoje se situa a França meridional, em fins do século XI. O amor cortês era uma experiência contraditória entre o desejo erótico e a realização espiritual, "um amor ao mesmo tempo ilícito e moralmente elevado, passional e auto-disciplinado, humilhante e exaltante, humano e transcendente".

O conceito de o “amor cortês” é introduzido por Eleanor D'Aquitaine e pela sua “entourage” nas cortes da Europa, revolucionando por completo os costumes.

Eleanor D'Aquitaine e a Música Popular

Eleanor d'Aquitaine (31/03/1122 - 01/04/1204) foi uma das mais poderosas pessoas da Idade Média e a mais rica mulher da Europa em sua época. Casou-se com o Rei Louis VII da França e depois com o Rei Henry II da Inglaterra, gerando dois reis deste segundo casamento, Ricardo "Coração de Leão" e seu irmão João. Seu pai foi Guillaume X e sua mãe Aenor Aimery. Quando Eleanor nasceu, ela foi batizada como Alia Aenor, que na linguagem da época significaria "Outra Aenor", mas ficou conhecida simplesmente como Eleanor. Seu avô foi Guillaume IX, conhecido como o primeiro Trovador, que conseguiu quebrar o monopólio cultural das composições sacras da Igreja de Roma.

Considerada a herdeira mais rica da Europa. Quando seu pai faleceu em 1137, Eleanor tinha apenas 15 anos de idade e recebeu propostas de casamento de todas as cabeças coroadas da Europa. Ela então casou-se como Rei Louis VII da França, levando com ela vastas propriedades que iam do Vale do Rio Loire até os Pirineus, na fronteira das atuais Espanha e França.

Eleanor tomou parte na IIa Cruzada contra os muçulmanos que começou em 1144, junto com cerca de trezentas mulheres oriundas do seu Ducado vestidas de soldados.

Justamente nessa Cruzada começaram as desavenças entre Eleanor e Louis. O Papa tentou intervir mas o casamento foi anulado em 1152, sob a alegação de consangüinidade. Deste casamento ficaram duas filhas Alix (Alice) Capeto e Marie de Champagne.

No ano seguinte Eleanor casou-se com Henry Plantagenet, Duque d'Anjou, que no mesmo ano se tornaria Rei da Inglaterra. Ela era então onze anos mais velha que ele, mas deu-lhe oito filhos em treze anos, William, Henry, Richard ("Ricardo Coração de Leão"), Geoffrey, John, Matilda, Eleanor e Joan.

Em 1173 Eleanor liderou uma rebelião contra o seu marido, devido aos inúmeros filhos bastardos do rei e a tentativa dele de controlar seu patrimônio de Poitiers e na Aquitânia. A rebelião foi debelada e com a idade de 50 anos, ela seria confinada pelos próximos quinze anos na Abadia de Fontevraud. Com o falecimento de Henry II em 1189, seu filho Richard subiu ao trono e soltou sua mãe de sua prisão. Ela governou a Inglaterra enquanto Ricardo "Coração de Leão" combatia os muçulmanos em outra Cruzada. Ao voltar à Inglaterra ferido e doente, ele veio a falecer nos braços de sua querida mãe. Eleanor viveu o suficiente para assistir a coroação de seu filho mais jovem no trono da Inglaterra.

Eleanor faleceu em 1204 aos 82 anos de idade e foi enterrada na Abadia de Fontevraud próximo às sepulturas de Henry II, seu filho Richard e sua nora, Isabella d'Angoulême.

A tumba Eleanor feita de granito, apresenta-a lendo uma Bíblia. Fica do lado direito de seu marido Henry, na parte de cima da fotografia. Seu filho Richard logo abaixo de seu pai e, sua nora Isabella, aos seu pés. Durante a Revolução Francesa de 1789, suas sepulturas foram violadas e seus ossos nunca mais foram encontrados.

A Abadia de Fontevraud fica próximo de Chinon, em Anjou, na França e foi construída entre 1110 e 1119. Mais tarde o casamento de Eleanor com Henry II seria objeto de reivindicações territoriais dos ingleses, que se transformaria na sangrenta "Guerra dos 100 Anos" (1337-1453), e serviu para unificar a França, revelando ao mundo outra mulher extraordinária - Jeanne d'Arc.

O nascimento da Música Popular

Durante o Ducado de Guillaume IX d'Aquitaine, avô de Eleanor, surgiu por inspiração dele uma classe de poetas líricos e músicos chamados de "Trobadores". Esta nova maneira de fazer música, contrariava profundamente a maneira tradicional dos compositores da época para os quais a música e a poesia deviam só ser escritas para Deus, sobre Deus e só em latim. O louvor uníssono à Deus, estava rompido, tanto no tema como na linguagem. Por esta razão e por ter fama de mulherengo, foi excomungado pelo Papa. Seguindo essa inspiração familiar vivenciada pelo seu avô e pelo seu pai, Eleanor foi o elemento de difusão da nova maneira de fazer música para o povo, que falava de amor e da natureza, na língua deles.

Enquanto durou o casamento com Louis VII, ela continuou a apoiar os Trobadores, recebendo-os na Corte de França.

Esta nova música que era de alguma forma revolucionária para os padrões franceses da época, começou imediatamente a ser aceita pelo povo. Eleanor ajudava financeiramente os jovens artistas, procurando agradar os nobres que os recebessem em qualquer cidade da Europa onde fossem.

Foi nesta época que surgiram os músicos viajantes, que cantavam em troca de alimento e pousada, em busca de possíveis patronos.

Quando esteve casada com Henry II da Inglaterra não perdeu tempo em traduzir a nova maneira de cantar o amor cortesão, estimulando novas criações na língua bretã. Novamente o sucesso foi instantâneo, tanto na nobreza como nas classes mais populares da sociedade. Os filhos de Eleanor e Henry II não só cantavam temas dos Trovadores como compunham pequenas peças musicais. Nesse particular, destaca-se o Príncipe Richard. Todos os Trovadores que passavam pelo reino eram convidados a cantar na Corte, inclusive o famoso Bernart de Ventadorn.

Apesar de Eleanor nunca ter tocado qualquer instrumento musical e nem se ter notícia de qualquer composição feita por ela, foi uma das mais importantes personagens musicais de toda a Idade Média e da música no ocidente. Sem o seu interesse e empenho em patrocinar a música e as artes de uma maneira geral, a música popular seria certamente bem diferente nos dias atuais. Eleanor colocou a música nas mãos de pessoas comuns, permitindo-lhes expressar seus sentimentos e temas que eram importantes para as suas vidas.

Eleanor d'Aquitaine uma mulher incomparável !

Fonte: Moacyr Mallemont
http://www.mallemont.redel.com.br/historia/eleanor/eleanor.htm

A Abadia de Fontevraud

A Comunidade de Fontevraud fora criada em 1099 por Robert d’Abrissel, o filho de um padre e orador brilhante, cujos discursos inflamados contribuíram para o incremento da ideia das Cruzadas. O lugar, invadido por centenas de homens, mulheres e crianças, tornou-se uma comunidade, composta pelo convento de Santa Maria, para as mulheres, o de São João para os homens, o de São Lázaro para os leprosos e o de Santa Madalena para as “prostitutas arrependidas”. O interesse generalizado por este tipo de organizações atraía donativos da nobreza. Todas as abadessas de Fontevraud foram de sangue nobre, catorze das quais princesas. As freiras eram também da nobreza e até ao século XVIII, no período da revolução, este foi o mais rico convento de França.

Parte importante na história de Eleanor D'Aquitaine, sendo muitas vezes seu lugar de meditação e reclusão, é a Abadia de Fontrevaud, na comunidade que fica próxima de Chinon, em Anjou e foi construída entre 1110 e 1119. Eleanor faleceu em 1204 aos 82 anos de idade e foi enterrada na Abadia de Fontevraud próximo às sepulturas de Henry II, seu filho Richard. A tumba Eleanor feita de granito, apresenta-a lendo uma Bíblia.


Eleanor da Aquitânia

Eleanor da Aquitânia (cerca 1122 - 1 de Abril 1204) foi Duquesa da Aquitânia e da Gasconha, Condessa de Poitiers e rainha da França e Inglaterra. Era a filha mais velha de Guilherme X, o Santo, (1099-1137), a quem sucedeu em 1137, e de Aénor de Châtellerault. A sua fortuna pessoal e o seu apurado sentido político fizeram-na uma das mulheres mais poderosas e influentes da Idade Média.


Primeiros anos

Eleanor nasceu na corte mais literata e culta do seu tempo. O seu avô tinha sido Guilherme IX, o Trovador, (1071-1126),um dos primeiros trovadores e poetas vernaculares. Era ainda um homem extremamente culto, que transmitiu o gosto pela aprendizagem ao herdeiro Guilherme X que, por sua vez, ofereceu uma educação excepcional às suas duas filhas. Eleanor e Petronilha eram fluentes em cerca de oito línguas, aprenderam matemática e astronomia e discutiam leis e filosofia a par com os doutores da Igreja. Esta educação, estranha por serem mulheres e em uma época em que a maior parte dos governantes eram analfabetos, permitiu-lhes, desenvolver espírito crítico e sagacidade política, útil especialmente à Eleanor que haveria de governar ela própria. Guilherme X teve ainda o gosto de envolver a sua herdeira nos variados aspectos da governação, levando-a em várias visitas através dos seus territórios.

Rainha da França

Em 1130 torna-se na herdeira universal do seu pai depois da morte do seu irmão Guilherme Aigret ainda na infância. Sete anos depois sucede em todos os títulos Guilherme X, após a sua morte durante uma peregrinação a Santiago de Compostela. Como senhora de uma porção substancial do que é actualmente França, Eleanor de 15 anos tornou-se na noiva mais desejada da Europa. O eleito foi o rei Luis VII de França que, com o casamento, estendeu os seus domínios até aos Pireneus. Era desejo de Guilherme X, expresso no seu testamento, casar a filha com Luís, o Jovem, filho do rei da França (Luís VI). Em troca oferecia ao rei, como dote, a Aquitânia e Poitou.

Estimulou o marido a participar da Segunda Cruzada, (1147-1149). Antes da partida atuou nos preparativos: promoveu torneios para arrecadar recursos, recolheu doações e, como era costume dos cruzados fazer, foi a todas as abadias pedir a bênção e as preces dos religiosos das ordens. Eleanor acompanhou a expedição, assim como outras damas da nobreza, mas ela tinha o estatuto de líder feudal do exército da Aquitânia em pé de igualdade com os outros dirigentes. Segundo as lendas tradicionais, Eleanor e as suas aias vestiram-se de Amazonas, num traje que incluia parafrenália militar. Esta história é duvidosa, mas de qualquer maneira é histórico que o seu comportamento durante a cruzada foi considerado indecoroso pelo papa.

Foi durante a expedição que começaram as divergências entre Eleanor e Luis. Eleanor era favorável à luta pela reconquista do condado de Edessa, pertencente ao seu irmão Raimundo de Toulouse. Luis considerava mais importante alcançar Jerusalém. A discussão resultou numa rebelião dos cavaleiros da Aquitânia, e o exército ficou dividido. Em consequência, Luís VII decidiu atacar Damasco, mas fracassou.

Em 1149, Luis e Eleanor regressaram à Europa, passando por Roma, onde o Papa Eugénio III promoveu a sua reconciliação. A segunda filha do casal, Alice Capeto, nasceu pouco depois, mas o casamento estava perdido. Em 1152 a união é anulada por alegada consaguinidade e, em consequência, Eleanor recuperou o controlo dos seus territórios, que foram retirados da coroa francesa.

Rainha da Inglaterra

Apenas semanas depois, Eleanor casou com Henrique Plantageneta, o futuro Henrique II de Inglaterra, então Conde de Anjou, onze anos mais novo que ela. A relação dos dois pode ter começado antes da união aos olhos da Igreja, como sugere o nascimento ainda no mesmo ano de 1152 de Guilherme, o primeiro filho do casal. No fim da década de 1160, Eleanor separou-se de Henrique e retirou-se para a Aquitânia, devido possivelmente aos casos extra-matrimoniais do marido ou da sua insistência em interferir nos assuntos do Ducado de Eleanor. A reconciliação nunca chegou e, em 1173 Eleanor e os seus três filhos mais velhos Henrique, o Jovem, (1155-1183), Ricardo Coração de Leão e Geoffrey revoltaram-se contra Henrique II - com o apoio de Luís VII, rei da França e ex-marido de Eleanor. A rebelião familiar gerou outras revoltas em Poitoi e motins dos vassalos do rei em grande parte de seus feudos. Henrique II conseguiu controlar a situação e perdoou os filhos. No entanto, mandou prender Eleanor que, acusada de ser a instigadora do complô, permaneceu encarcerada por 16 anos, primeiro no Castelo Chinon, depois em Salisbury, entre outros castelos da Inglaterra.

Em 1189, com a morte do marido e ascensão ao trono do seu filho Ricardo, Eleanor é libertada e, com a partida de Ricardo para a Terceira Cruzada (1189-1192), tornou-se a regente da Inglaterra.

Eleanor morreu em 1204 e encontra-se sepultada na Abadia de Fontevraud, junto de Henrique II e Ricardo I.

Fonte: Wikipédia